Sobre Construção de Repertório e o Menino que Gostava de Coloridão
Certo dia, duas colegas da repartição conversavam sobre as roupas dos respectivos filhos. Estava fora da sala e, quando retornei, consegui pegar a rabiola da conversa. Do pouco que ouvi e entendi, uma delas falava que comprava roupas de cores neutras para o filho em resposta a outra que comprava peças estampadas, pois estas eram as preferidas do filho, de uns oito anos (eu acho). Contudo, ela cogitava comprar mais peças sem estampas para o menino.
Na hora, essa rabiola de conversa (falei né, que cheguei no fim) me fez lembrar de uma conversa que tive com uma amiga, há algum tempo, a respeito das preferências do filho dela. Não sei como chegamos no assunto à época, mas ela me falou que o guri preferia roupas e calçados muito coloridos, de cores saturadas mesmo. Lembrei disso e contei para as colegas que ouviram sorridentes o causo.
Voltando para a história da minha amiga. Creio eu que, curiosa, ela perguntou ao garoto os motivos de todo aquele colorido saturado. Em resposta, ele disse que o quanto gostava das cores dos games, dos quadrinhos e de desenhar, e que elas o remetiam a esse mundo que ele sentia muito prazer em acessar. O guri era um artista também e me lembro que depois de um tempo ele pediu para fazer um curso de pintura em tela.
Naquele dia, a conversa não trouxe maiores reflexões para mim. Tempos depois, nas minhas aulas de consultoria de imagem do Liberta, passei a entender que as influências e as inspirações para conhecer o nosso estilo, podem vir de diferentes e inusitadas fontes, como a gastronomia, a literatura, um personagem de cinema, uma época, um estilo musical, da decoração, da arquitetura, das artes plásticas…dos games e dos desenhos animados, também (por que não?). Tá vendo como as inspirações estão para além das imagens engessadas do Pinterest?
Quer dizer, todo o universo lúdico, colorido, caótico, dinâmico das animações, da pintura e dos games, foi inspiração para as escolhas de peças de roupas. Esses itens formaram o repertório dos gostos estéticos que permeiam a livre expressão daquele guri. Esses itens fizeram parte te experiências e emoções que só aquele guri viveu.
Se essas escolhas vão perdurar no decorrer do desenvolvimento dele ao chegar na vida adulta, não se sabe ainda. Mas, muitas dessas características, ou outras não citadas aqui, podem permanecer sendo dominantes no estilo dele. Ou ainda, podem ser itens residuais, ou seja, deixados para trás para dar lugar a outros códigos, os emergentes, que se adaptarão ao momento da vida dele.
By the way, chegando em casa perguntei para o meu filho (16 anos) sobre as meias estampadas que ele usava até pouco tempo (caveiras, pipoca, banana, rosas. Amava). Respondeu que deixou de usá-las 😢.
Texto de Patrícia Marcele.Psicóloga por formação e consultora de imagem e estilo por opção e coração. Dona do próprio destino. Especialista em looks infinitos e infinitamente especiais. Aluna e praticante do Liberta, o método de Consultoria de Imagem Responsável ensinado na nossa Butique de Cursos. Membra do Libertinas, nosso Clube de Aulas e Supervisão para Consultoras de Imagem.
6 Comments
Que delícia!! Inspiração muito além do Pinterest, mas na vida, no que nos cerca, nos move, nos diverte e nos emociona. Amei o texto!! 🥰🧡
A melhor inspiração que tem, né?! E que muitas vezes na consultoria é deixada de lado por profissionais que só olham para o que está fora da cliente.
Oiee Dani, obrigada pelo comentário! É isso mesmo, a gente precisa para o que os nossos olhos brilharem, né?
Adorei! Adoro histórias que permeiam nosso universo.
Quando contadas através de uma escrita poética e apaixonante ainda melhor…
parabéns! Esperando as próximas! ✨💖
Obrigada, Chris querida! Bom demais ter você aqui!
Obrigada, Chris! Que bom que gostou ♥️